Quanto mais complexo e sofisticado um produto (ou sociedade) se torna, mais olhamos para trás, para coisas mais simples e tempos mais simples. Durante a semana, Achim Ancsceidt é o designer-chefe da Bugatti, uma marca de automóveis que se esforça para ultrapassar os limites do que é possível com um motor, quatro rodas e um chassi. Em seu tempo ocioso, o amor automotivo de Anscheidt é quase o oposto de um Veyron: ele dirige um Porsche 911 de 1981 modificado de maneira única.
Este não é um Porsche 911 clássico comum. Este é um 911 SC 1981 reduzido ao essencial, o carro foi resconstruido pelo expert em 911 Willi Thom. Willi não tem telefone, não tem endereço de e-mail nem site. Seu endereço é um segredo e ele trabalha apenas por meio de referências entre seus clientes ultra-ricos.
Não é por acaso que Willi Thom situa seu Karosseriebau no que poderia ser descrito como um esconderijo. A tradução mais básica de Karosseriebau seria oficina de carroceria, embora em italiano você mudasse para a romântica carrozzeria, ou cocheira. O trabalho é construir carros manualmente.
O gosto de Willi é ter sua oficina invisível para evitar atenção indesejada. Esta oficina, tem as janelas de sua loja embaçadas, por exemplo, para que ninguém possa ver os Porsches vintage dentro, em cada um em vários estágios de fabricação personalizada.
Em 2011, Achim começou a enviar a Willi fotos de Porsches customizados de Los Angeles. Cada carro era um projeto pessoal do proprietário, uma espécie de mistura de detalhes diferentes. Cada carro sempre tinha algo totalmente certo e algo meio errado. Achim queria perfeição.
Suas fotos para Willi teriam legendas de "tanque de combustível como este", "faróis como este", "indicadores frontais e saídas de ar montadas assim".
Achim tinha as ideias, mas precisava de Willi para colocá-las em prática - e exatamente como ele queria.
Grande parte da insanidade do carro é porque ele foi construído em uma espécie de zona intermediária entre os padrões de uma montadora e os padrões de carros de corrida. Faz sentido: o carro é um produto da mão de Willi e do olho de Achim.
Como o peso é inimigo do desempenho o carro passou por uma dieta severa, Os para-choques, portas, tampa do motor e capô agora são kevlar, marcando uma grave perda de peso. As janelas de vidro foram substituidas por Lexan, não há ar condicionado. O chassi foi desmembrado e despojado de peso não essencial. O carro inteiro pesa agora fenomenalmente leve 820 kg, aos olhos de Anscheidt, o equivalente automotivo de uma bicicleta de engrenagem fixa
O motor de 3,2 litros agora produz cerca de 290 cavalos de potência, não é muito comparado aos esportivos atuais, e é ridiculamente pouco perto dos 1500cv dos carros atuais da Bugatti que Anscheidt desenha. Contudo com o baixissimo peso deste 911 nos faz acreditar que é mais que suficiente para envolver a direção nesse lindo Porsche.
O que faz os 911s vintage ganhar muita visibilidade é sua simplicidade mecânica, design brilhante e direção direta e responsiva. Em vez de comprar um carro controlado por computador com montes de cavalos de potência e recursos que nunca usaremos, há um apelo inegável para um carro que tem pouco mais de quatro rodas, um motor e uma alma.